“Eu avisei vocês em 1984”: James Cameron comenta sobre IA em Hollywood

Alessandro Lourenço I 19_07_2023

O cineasta James Cameron entra no debate sobre o uso da inteligência artificial em Hollywood, expressando temores muito mais existenciais em relação à tecnologia.

James Cameron aborda o uso da IA em Hollywood, abordando especificamente a questão dos roteiros gerados por IA. Mais conhecido como diretor de filmes como O Exterminador do Futuro, Titanic e dois Avatar, os filmes de Cameron costumam desafiar os limites tecnológicos. O Exterminador do Futuro lida diretamente com a IA, imaginando um futuro em que a inteligência artificial quase erradicou toda a humanidade. Medos recentes em relação à IA têm crescido, é claro, com atores e roteiristas de Hollywood agora em greve, em parte devido a desacordos com os estúdios em relação à IA.

Agora, à medida que os debates continuam a acontecer em Hollywood sobre o papel da IA no processo de produção cinematográfica, Cameron discute o assunto em uma entrevista recente à CTV News. Embora seja cético em relação à capacidade de uma IA de escrever um roteiro envolvente, o diretor de O Exterminador do Futuro expressa medo em relação à tecnologia em um nível muito mais existencial. Confira abaixo dois comentários de Cameron sobre se ele compartilha preocupações em relação à ameaça potencial da IA à existência da humanidade e seu papel na produção cinematográfica:

“Eu compartilho totalmente das preocupações deles. Eu avisei vocês em 1984! E vocês não ouviram. Vocês têm que seguir o dinheiro. Quem está construindo essas coisas? Eles estão construindo para dominar ações de marketing, então o que você está ensinando a elas? Ganância. Ou você está construindo para fins defensivos, então está ensinando a elas paranoia. Eu acredito que a militarização da IA é o maior perigo.”

“Acho que vamos entrar em uma espécie de corrida armamentista nuclear com a IA, e se nós não construirmos, os outros com certeza vão construir, e então isso só vai aumentar. Você pode imaginar uma IA em um cenário de combate, onde tudo é controlado pelos computadores em uma velocidade em que os humanos não podem mais intervir, e você não tem capacidade de reduzir a escalada.”

“Certamente não me interessaria em ter uma IA escrevendo um roteiro para mim… a menos que ela fosse realmente boa. Vamos esperar 20 anos, e se uma IA ganhar um Oscar de melhor roteiro, acho que teremos que levá-las a sério.”

“Não acho que seja uma questão de quem escreveu. É uma questão de ‘é uma boa história?’ Eu simplesmente não acredito pessoalmente que uma mente desincorporada que está apenas regurgitando o que outras mentes encarnadas disseram — sobre a vida que tiveram, sobre o amor, sobre a mentira, sobre o medo, sobre a mortalidade — e juntando tudo em uma salada de palavras para depois regurgitar…

“Não acredito que isso vá ter algo que vá emocionar uma plateia. Você precisa ser humano para escrever isso. Não conheço ninguém que esteja pensando em ter uma IA escrevendo um roteiro, mas certamente não conheço todo mundo em Hollywood. E as pessoas de Hollywood fazem coisas malucas.”